O Transtorno da Falta de Contacto com a Natureza
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O Transtorno da Falta de Contacto com a Natureza

O Transtorno da Falta de Contacto com a Natureza

Transtorno da falta de contacto com a Natureza (Nature Deficit Disorder), é um termo criado pelo escritor e jornalista norte-americano Richard Louv no seu (…)

Artigo de: Blog Defensor da Natureza - Maio/2011 (créditos e gratidão aos autores)

https://ra-bugio.blogspot.com/2011/05/transtorno-da-falta-de-contato-com.html

Artigo

O Transtorno da Falta de Contacto com a Natureza

Transtorno da falta de contacto com a Natureza (Nature Deficit Disorder), é um termo criado pelo escritor e jornalista norte-americano Richard Louv no seu livro de 2005, Last Child in the Woods (Tradução: A Última Criança nas Florestas). Refere-se à alegada tendência de as crianças terem cada vez menos contacto com a natureza, resultando daí uma ampla gama de problemas de comportamento. Esta doença ainda não é reconhecida em qualquer um dos manuais de medicina de transtornos mentais, como o CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) ou o DSM-IV (Manual de Diagnósticos e Estatísticas de Transtornos Mentais) nem é parte da proposta de revisão desse manual.

Louv alega que as causas para o fenómeno incluem o medo dos pais, o acesso restrito às áreas naturais, e da atracção pela TV ou pelo computador. A pesquisa recente tem gerado um contraste maior entre a diminuição do número de visitas aos Parques Nacionais nos Estados Unidos e aumento do consumo de meios electrónicos pelas crianças.

Richard Louv passou 10 anos a viajar pelos EUA conversando e entrevistando pais e filhos, tanto em áreas rurais como urbanas, sobre as suas experiências na natureza. Ele argumenta que a cobertura da média sensacionalista e os pais paranóicos têm intimidado as crianças de frequentarem as áreas naturais (matas, campos…), enquanto promove uma litigiosa cultura do medo que favorece a prática de desportos seguros com regras em lugar de brincadeiras criativas.

Ao reconhecer essas tendências, algumas pessoas argumentam que os seres humanos têm um gosto instintivo para a natureza, a hipótese da biofilia, e adoptam certas medidas para passar mais tempo ao ar livre, por exemplo, em educação ao ar livre, ou através do envio de crianças a jardins da infância (Forest Kindergarden) ou escolas (Forest Schools) na floresta, que são escolas especiais criadas nos Estados Unidos e alguns países da Europa, onde as crianças ou os estudantes brincam e aprendem no meio duma mata preservada ou dum bosque a utilizar os elementos que encontram nesses ambientes. Talvez seja uma coincidência que os adeptos do movimento Slow Parenting (pais sem pressa[1]) enviem as suas crianças para a educação em ambientes naturais, em lugar de os manterem dentro de casa, como parte dum estilo livre de educar os filhos.

A natureza não é para ser encontrada apenas nos parques nacionais. O capítulo "Jardim do Eden num terreno baldio", de Robert M. Pyle (página 305) enfatiza a possibilidade da exploração e atracção em pequenas áreas que podem ser lotes desocupados de terrenos com vegetação nativa, e alegra-se com os 30.000 lotes sem construção em Detroit, que surgem devido à decadência no centro da cidade.

Causas

Os pais estão cada vez a conservar mais as crianças dentro de casa, a fim de as manterem a salvo de perigos hipotéticos. Richard Louv acredita que podemos estar a proteger exageradamente as crianças de tal forma que isso se tenha tornado um verdadeiro problema e acabou por prejudicar a capacidade de a criança manter o contacto com a natureza. O crescente temor dos pais pelo "perigo desconhecido", que é fortemente alimentada pelos meios de comunicação mantém as crianças dentro de casa e no computador em lugar de explorar ao ar livre. Louv acredita que esta pode ser a causa principal do transtorno da falta de contacto com a natureza, uma vez que os pais têm um forte controlo e influência sobre a vida dos seus filhos.

Perda de contacto da criança com a paisagem natural no bairro ou na cidade. Muitos parques e reservas naturais têm acesso restrito e placas de advertência "não ande fora do trilho". Os ambientalistas e educadores ainda adicionam a restrição ao dizerem às crianças "olha, mas não toques". Enquanto eles estão a proteger o ambiente natural, Louv questiona o custo dessa protecção na relação das nossas crianças com a natureza.

Aumento de atractivos para passar mais tempo dentro de casa. Com o advento do computador, os videojogos e a televisão as crianças têm mais e mais motivos para ficar dentro de casa, "A criança norte-americana gasta em média gasta 44 horas por semana com médias electrónicas".

Efeitos

As crianças têm um respeito muito limitado pelo ambiente natural mais próximo. Louv diz que os efeitos do transtorno da falta de contacto com a natureza para os nossos filhos será um problema ainda maior no futuro. "Um ritmo crescente nas últimas três décadas, aproximadamente, duma rápida perda de contado das crianças com a natureza tem profundas implicações, não só para a saúde das gerações futuras, mas para a saúde da própria Terra." Os efeitos do transtorno da falta de contacto com a natureza poderiam levar a primeira geração em risco de ter uma expectativa de vida menor do que os seus pais.

Podem desenvolver-se transtornos da atenção e depressões. "É um problema, porque as crianças que não tiveram um contacto com a natureza parecem mais propensas à depressão, à ansiedade e a problemas de falta de atenção". Louv sugere que ter actividade ao ar livre em contacto com a natureza e usufruir da sua calma e tranquilidade pode ajudar muito. De acordo com um estudo da Universidade de Illinois, a interacção com a natureza tem provado reduzir os sintomas dos transtornos da atenção e a depressão nas crianças. Segundo a pesquisa, "Em geral, os nossos resultados indicam que a exposição a ambientes naturais nas actividades comuns após as aulas ou aos fins-de-semana pode ser muito eficaz na redução dos sintomas de deficit de atenção nas crianças." A teoria da restauração da atenção desenvolve esta ideia, tanto na recuperação das suas habilidades a curto prazo, como na de longo prazo para lidar com o stress e adversidades.

Seguindo o desenvolvimento dos transtornos da atenção e depressão e transtornos de humor, as notas mais baixas na escola também parecem estar relacionados com o transtorno da falta de contacto com a natureza. Louv afirma que os estudos realizados na Califórnia e na maior parte dos Estados Unidos mostram que os estudantes das escolas que utilizam as salas de aula ao ar livre e outras formas de educação utilizando experiências com a natureza apresentaram significativamente melhor desempenho em estudos sociais, ciências, artes, linguagem e matemática. (Fonte: Artigo Orion Magazine March/April 2007)

A obesidade infantil tem-se tornado um problema crescente. Cerca de 9 milhões de crianças (6-11 anos) estão com sobrepeso ou obesos. O Instituto de Medicina afirma que nos últimos 30 anos, a obesidade infantil mais do que duplicou para os adolescentes e mais do que triplicou para crianças de 6-11 anos. (Fonte: National Environmental Education Foundation)

Numa entrevista publicada na revista Public School Insight, Louv citou alguns efeitos positivos do tratamento do transtorno da falta de contacto com a natureza: "Tudo a partir dum efeito positivo sobre a atenção estendendo para a redução do stress a criatividade, o desenvolvimento cognitivo e o seu sentimento de admiração e de conexão com a Terra.".

A ONG No Child Left Inside Coalition (Coalizão "Não deixe as crianças dentro de casa") trabalha para levar as crianças para actividades ao ar livre e de aprendizagem activa. A ONG espera resolver o problema do transtorno da falta de contacto com a natureza. Eles agora estão a trabalhar para aprovar uma lei que aumentaria a educação ambiental nas escolas dos Estados Unidos. A ONG defende que o problema do transtorno da falta de contacto com a natureza poderia ser amenizado "despertando o interesse do estudante para actividades ao ar livre" e estimulando-os a explorar o mundo natural por conta própria.

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[1]              O movimento Slow Parenting (pais sem pressa) defende que "menos é mais": menos coisas, menos actividades, menos pressa, menos pressão, menos expectativas. Mais tempo para crescer fará as crianças mais felizes. É um estilo de educação dos pais em que poucas actividades são organizadas para as crianças. Em vez disso, elas são autorizadas a explorar o mundo ao seu próprio ritmo. O movimento Slow Parenting tem o objectivo de permitir que as crianças sejam felizes e fiquem satisfeitas com as suas próprias realizações, mesmo que isso não as possa tornar mais ricas ou mais famosas. Os pais das crianças de hoje são frequentemente encorajados a repassar o melhor possível das suas experiências de infância, para garantir a estas crianças o sucesso e felicidade na vida adulta.


 

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