Início >> Todos os Produtos >> Essências Florais >> Fórmulas Compostas >> A Criação das Essências Florais ZED - 3
Sendo as excepções aparentemente mais interessantes que a regra, iremos aqui reportar apenas algumas das ocasiões em que, no nosso entender, a fase da colheita de flores se revestiu de um carácter mais curioso ou eventualmente extraordinário.
Nota: Os produtos, técnicas, terapias e informações deste sítio não substituem a consulta do seu médico ou especialista!
Estávamos nós, no final da tarde do dia 23 de Março de 2001, uma 6ª feira
aparentemente igual a tantas outras, debruçados sobre o computador,
dedilhando o teclado, enquanto arquitectávamos uma nova rotina para um
dos projectos de
software[1]
em que andávamos no momento envolvidos, quando ocorreu algo que, em
menos de um ano, iria acabar por transformar definitivamente todo
o curso que a nossa vida anteriormente levara. De súbito,
sentimos uma força estranha que nos obrigou a erguer da cadeira
onde nos encontrávamos.
Tratava-se de algo superior às nossas forças, algo que parecia
ignorar a forte resistência com que nos opúnhamos a tal
movimento. Rendemo-nos e, surpreendentemente, sem que experimentássemos
qualquer apreensão, deixámo-nos conduzir, quase como autómatos.
Descemos o elevador, entrámos no automóvel e dirigimo-nos 'em piloto
automático' até onde essa força nos levava, acabando por ir estacionar à
porta da habitação daqueles que eram nessa altura os nossos sogros.
Tratava-se duma vivenda geminada rodeada por canteiros onde
começavam a florir várias plantas, às quais jamais déramos grande
importância, se bem que inúmeras vezes, ao longo de mais de vinte anos,
tivéssemos regado cada uma das várias dezenas de espécies que
compunham aquele jardim.
Deixámo-nos conduzir até uma trepadeira situada no cimo da rampa
que conduzia à garagem e cujos ramos se apoiavam sobre uma espécie de
rede quase horizontal criada com arames cruzados. Dali pendiam os ramos
mais compridos, ao longo dos quais vimos umas flores que naquele
momento achámos realmente muito bonitas, diríamos mesmo deslumbrantes.
Eram elas as que mais nos atraíam.
Foi enquanto admirávamos aquelas flores dum tom laranja
avermelhado que contrastava com um amarelo límpido que nos aflorou a
recordação de umas quantas meditações em que nos ocorrera
inicialmente nitidamente a palavra 'florais' ou então 'essências
florais'.
Figura 1 – A flor da 'Lanterna Chinesa'.
Eram sons de vozes humanas, ou então letras que conseguíamos
ler com facilidade enquanto iam viajando aleatória e lentamente pelo
espaço, vazio de formas distintas mas pleno de cores luminosas, que se
desenrolava à nossa frente. Posteriormente, começara a tomar forma algo
bem mais concreto: imagens em que, num fundo escuro, uma tina
transparente, meio cheia de água, presumivelmente, onde flutuavam
algumas flores, era aquecida por uma pequena lamparina
constituída por uma simples vela. Tal tipo de visão tinha-se
repetido com maior nitidez umas três vezes, em meditações
distintas[2],
mas sempre com grande semelhança entre umas e outras.
Pensámos ter percebido a mensagem, se é que duma mensagem se tratava.
Então, abrimos a porta da casa, dirigimo-nos à cozinha, procurámos algo
que se assemelhasse a uma tina e que suportasse a chama. Encontrámos uma
espécie de caçarola esmaltada, onde despejámos água retirada dum
garrafão[3]
e, munidos duma tesoura encontrada junto da máquina da costura,
dispusemo-nos a colher pouco mais de uma dúzia daquelas flores,
directamente para aquele recipiente. De regresso à cozinha, escolhemos o
bico mais pequeno do fogão, que acendemos e sobre o qual colocámos a
caçarola, e preparámo-nos para aguardar. Foi então que mais uma
reminiscência estranha nos levou a procurar uma rolha de cortiça onde
espetámos uma agulha que tinha preso um pouco de linha.
Percebêramos intuitivamente que aquele pêndulo improvisado iria
servir para determinar qual a altura exacta em que se deveria desligar o
lume, que se mantinha tão baixo quanto nos era possível. Assim se veio a
concretizar, uma vez que, ao colocarmos o 'pêndulo' sobre a caçarola,
ele começara por rodar no sentido anti-horário, minutos depois ficara
estático e finalmente, rodara no sentido horário[4].
Apenas havíamos pedido mentalmente, ou melhor, manifestáramos a intenção
de sermos avisados de qual a ocasião propícia para desligar a chama e
interpretámos aquela como a resposta decisiva. Desligado o bico
do fogão, deixámos esfriar o líquido, que entretanto tinha adquirido uma
coloração amarelo viva e por fim despejámos parte dele para uma das
garrafas que o, nessa altura, nosso sogro usava para engarrafar vinho.
Sentimos necessidade de acrescentar algum álcool pois suspeitávamos que
aquela água se deterioraria facilmente e a nossa busca permitiu
encontrar uma garrafa de aguardente, com cujo líquido acabámos de
encher a garrafa, rolhando-a de seguida. Agitámo-la fortemente enquanto
contávamos até duzentos e cinquenta e por fim, demos a tarefa por
concluída. Uma vez em casa, resolvemos arrumar a garrafa num
armário, onde ficou protegida da luz solar.
Não sabendo de que planta se tratava, resolvemos levar algumas das
flores e folhas para casa, onde recolhemos a sua imagem (Figura
1) com o
scanner[5].
Mais tarde trataríamos de reconhecer com exactidão qual a sua
espécie, mas enquanto essa ocasião não chegasse, decerto nos seria
útil alguma forma de identificação. E, para alguém tão ligado aos
computadores e aos números, quanto nós, que mais seria de esperar que um
código alfanumérico? Assim, essa primeira essência floral preparada por
nós, antes de qualquer nome, recebeu o código de referência ZD01[6].
As características metódicas de que várias das nossas profissões nos
tinham feito dotar, levaram a que tivéssemos anotado criteriosamente
num papelinho a hora da colheita das flores, a hora a que colocáramos a
caçarola ao lume e a hora a que posteriormente desligáramos a chama[7].
Sabíamos com segurança plena que tínhamos acabado de criar o nosso
primeiro floral e estávamos absolutamente certos de que não iria ser
o último e o sentimento que então nos acometeu, se bem que
indescritível, era um misto de regozijo e de gratidão.
De facto, a este episódio, que bem poderia ter sido solitário,
seguiu-se o nosso período mais profícuo da produção de
florais. No início, não fazíamos ainda uma ideia muito precisa de
qual a utilidade de todos aqueles frascos cheios de uma espécie de
infusão misturada com aguardente, mas nessa altura, tal não
nos preocupava grandemente.
Uns meses depois, foi por nós identificada a espécie floral que estivera
na origem dessa primeira essência:
Abutilon
megapotamicum,
planta meio trepadeira meio arbustiva mais conhecida como Abutilão, ou
Abutilo, da família das Malvaceae, cujos ramos rectilíneos chegam a
atingir os três metros, cultivada sobretudo pela beleza das suas
flores, que aparecem entre Março e Outubro. Face à grande semelhança
que encontrámos entre essa flor e as tradicionais lanternas chinesas,
construídas com varetas de bambu revestidas a papel de seda, atribuímos
ao floral o nome de 'Lanterna Chinesa'.
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[1] Denominação anglo-saxónica genérica para programas de aplicação produzidos para exploração de computadores.
[2] Por essa altura, tínhamos por hábito ocupar uma razoável parte das manhãs dos sábados deitados na banheira previamente cheia com água quente onde despejávamos um saco de sal, tendo por companhia apenas a chama de uma vela, o fumo suave e de aroma agridoce de um pauzinho de incenso e uns auscultadores sem fios que nos permitiam ouvir vezes sem conta uma música calma especialmente seleccionada para o efeito. Deixávamo-nos ali ficar a meditar até que a temperatura da água se tornasse desagradável a ponto de nos devolver de novo à realidade, 'libertando-nos' dum estado alterado de consciência cuja duração variava entre quarenta e cinco minutos e quase duas horas.
[3] Os nossos sogros tinham por hábito encher os garrafões numa de duas fontes de águas cristalinas existentes em outras tantas aldeias de concelhos vizinhos.
[4] Consideramos importante referir neste ponto que então estávamos convencidos de que ainda nada sabíamos acerca de pêndulos ou de radiestesia. Todo o 'conhecimento' nos surgiu de forma puramente intuitiva, ou por qualquer outro método que até hoje não conseguimos destrinçar.
[5] O scanner é um dispositivo destinado à recolha e digitalização de imagens destinadas a serem armazenadas ou manipuladas em computador.
[6] ZD são as consoantes do mantra ZED, correspondente a um yantra que a nossa mestra de Cura da Alma nos convidara a criar em estado meditativo. Devido à nossa grande identificação com esse símbolo, acabaríamos por atribuir o seu nome ao conjunto dos florais que temos vindo desde então a produzir. Inicialmente, o código era composto por apenas 2 posições numéricas, porém, bem cedo, mais exactamente a 4 de Maio de 2001, era produzida a nossa centésima essência floral, obrigando-nos a passar o código para 3 dígitos.
[7] Ainda hoje recorremos ao mesmo tipo de dados, tendo no entanto alargado significativamente a informação de que dispomos para identificar com exactidão todo o processo de colheita, produção, identificação e sintonização de cada essência floral que produzimos. Cada espécie ou subespécie de planta utilizada é 'fotografada' no scanner, sendo colhida uma imagem com uma ou mais flores no auge da maturação, folhas, ocasionalmente a mesma flor em botão e, se possível, frutos, para mais facilmente ser determinada com rigor a sua identificação. Este tema porém, será abordado em local próprio deste texto.
Tínhamos iniciado a busca da flor do Pinheiro Marítimo, cujo tempo de
floração é escasso, resumindo-se a cerca de um mês, entre o final de
Abril e início de Maio, e estávamos a deparar-nos com uma dificuldade de
monta: todas as plantas adultas, sem excepção, tinham uma altura média
situada entre os trinta e os quarenta metros, mas nunca menos de vinte.
Sentíamos que apenas um espécimen adulto e perfeitamente
saudável poderia satisfazer os requisitos necessários a um floral
com as características a que aspirávamos e, até aquele dia, nenhuma das
várias buscas encetadas fora coroada de sucesso. Para que tudo
resultasse bem, na nossa óptica, seria necessário encontrar a árvore
adequada e, desde o início, acompanhar regularmente a sua floração, até
que o ponto culminante em que as maioria das flores estivesse no
seu apogeu e finalmente ficassem aptas para a colheita.
Figura
2 – A flor do 'Pinheiro Bravo'.
Deu-se então a feliz coincidência de andarmos a deambular de automóvel
nas imediações de Leiria, sem qualquer objectivo concreto de procurar
fosse o que fosse. De facto, sem que disso tivéssemos tido consciência,
tínhamos entrado e estávamos havia já alguns quilómetros a percorrer o
Pinhal de Leiria[8].
Eis senão quando a nossa atenção foi atraída por algo bizarro
relativamente próximo da berma da estrada. Tratava-se dum tronco
disposto quase em plena horizontal, que sobressaía no meio do
aglomerado de linhas verticais constituído pelos troncos daquele
pinhal que se expandia a perder de vista de ambos os lados da
estrada.
A percepção de que se tratava de uma árvore viva, fez-nos estacar
a viatura. Ao aproximarmo-nos, verificámos tratar-se dum pinheiro cuja
espécie procurávamos e que, embora com o tronco tombado, aparentava
estar a desenvolver-se normalmente naquela posição bizarra há já pelo
menos dois anos. O mais transcendente foi o facto de as extremidades dos
ramos que constituíam a sua copa estarem cobertas de espigas
cujas flores estavam já aptas a ser colhidas.
Deste modo, a busca terminou ali mesmo e com as flores colhidas
obteve-se a essência floral ZD053, a que resolvemos chamar 'Pinheiro
Bravo', originária do
Pinus pinaster
Soland.[9],
da família das Pinaceae, mais conhecido como Pinheiro-bravo,
Pinheiro-marítimo, ou Pinheiro-das-landes.
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[8] O Pinhal de Leiria, ou antes, a Mata Nacional de Leiria, é um espaço que ainda hoje ocupa cerca de onze mil hectares, designado como tal devido ao cultivo de que uma vasta área de terrenos que separam a urbe de Leiria do litoral, estendendo-se tanto para sul como para norte da cidade. Tais terrenos, outrora alagados, pantanosos e insalubres, onde pontuava o pinheiro manso, foram intensamente florestados com pinheiro bravo no final do reinado de D. Afonso III e durante todo o reinado de seu filho D. Dinis, com o intuito de os drenar, o que realmente ocorreu com grande eficácia.
[9] Soland. é a abreviatura que utilizámos para designar o botânico que primeiro identificou esta espécie, Daniel Carl Solander, nascido na Grã-Bretanha em 1736 e falecido em 1782.
Numa fase em que ainda não tínhamos descoberto as reais vantagens dos florais,
a nossa timidez e acanhamento constituíam um óbice
considerável que inúmeras vezes impediu de todo a colheita de flores que
sabíamos serem de fulcral importância para o sistema que
estávamos a desenvolver. Nas próximas linhas será resumida uma ocasião
em que tudo se conjugou para que, mesmo sem que os complexos tivessem
sido derrotados, ainda assim foi possível a recolha de alguns espécimens.
Passávamos frequentemente por uma vivenda nas imediações da nossa
habitação, em cujis que nos atraíam
fortemente. Amiúde refreávamos o passo a fim de melhor as contemplar e,
numa dessas ocasiões fomos surpreendidos pela dona da casa que
nos abordou, perguntando se desejávamos alguma daquelas flores e
que em caso afirmativo, se colocava à nossa disposição para colhermos
quantas nos fossem necessárias.
Meio embaraçados, aceitámos tão generoso convite e ficou combinado que
voltaríamos lá dentro de poucos minutos com o material necessário à
colecta. Mais tarde a senhora esclareceu-nos que sabia a que tipo de
tarefa nos dedicávamos, enaltecendo-a e reafirmando que sendo as
flores tão bonitas e aromáticas, era realmente lamentável que o seu
mérito fosse tão efémero, ela dizia sentir-se verdadeiramente
orgulhosa de participar ainda que tão modestamente num projecto com tão
transcendente importância para os seres humanos. Como se não bastasse a
sua boa vontade, de imediato alargou a nossa lista de contactos a uma
cunhada sua, que nos apresentou, e que possuía uma pequena quinta onde
nos poderíamos deslocar sempre que necessário, quer em busca de
herbáceas selvagens, quer de quaisquer plantas cultivadas. Desta forma,
numa única colecta foi possível obter seis essências de grande
importância:
A Paeonia suffruticosa,
da família das Paeoniaceae, ou seja Peónia, arbusto de jardim cujo porte
em adulto se cifra entre os 40 centímetros e um metro, que apresentava
belíssimas flores cor de rosa de grandes dimensões, à qual atribuímos a
referência ZD060 e o nome 'Peónia Rosada'
(Figura 3);
Figura 3 - 'Peónia Rosada'.
A Aquilegia canadensis, das Ranunculaceae, planta de porte herbáceo com 60 a 80 centímetros de
altura quando adulta, a que resolvemos chamar 'Aquilégia do Canadá'
(Figura 4) e à qual atribuímos a referência ZD061;
Figura 4 - 'Aquilégia do Canadá'.
A Aquilegia vulgaris L.[10]
var. plena, da família das Ranunculaceae, herbácea geralmente
campestre cuja altura pode ir até aos 70 centímetros, vulgarmente
conhecida como Aquilégia, Erva-pombinha, Aquilágia-vulgar ou Ancólia,
que originou a essência ZD062, com o nome de 'Aquilégia Roxa' (Figura
5);
Figura 5 - 'Aquilégia Roxa'.
A
Centranthus ruber (L.) DC., uma ilustre 'quase desconhecida'
herbácea da família das Valerianaceae, por sinal bem difícil identificar
e que, não lhe sendo conhecido outro nome comum em português que não
fora o de Mil-amores, deu origem à essência ZD063, por nós chamada 'Mil
Amores' (Figura 6);
Figura 6 – 'Mil Amores'
A Syringa vulgaris L.[11],
planta arbustiva de porte médio, da família das Oleaceae, cuja altura quando
adulta se situa entre 1 e 2,5 metros, conhecida como Lilás ou Lilaseiro, com
flores cujo aroma verdadeiramente nos inebriou e a cuja essência atribuímos o
nome 'Lilaseiro' (Figura 7)
e a referência ZD064;
Figura 7 - O 'Lilaseiro'.
A
Wistaria
sinensis,
trepadeira da família das Fabaceae, cujas ramadas chegam a atingir os 5
metros, com flores lilases dispostas em cacho e de um aroma arrebatador,
a cuja essência atribuímos o nome pelo qual a planta é mais conhecida, 'Glicínia'
(Figura 8), com a
referência ZD065.
Figura
8 – A 'Glicínia'.
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[10] L. é a abreviatura que usamos para referenciar o insigne botânico sueco, Carl von Liné, mais frequentemente conhecido como Lineu, que viveu de 1707 a 1778 e ao qual ficámos a dever a identificação de um número assaz avultado de plantas europeias.
[11] Idem.
Outro exemplo de como a congregação de várias coincidências (chamemos-lhe
antes sincronicidade complexa) permitiu a colheita de flores que
de outro modo se teria mantido como um obstáculo intransponível foi o
caso do eucalipto comum, cuja floração ocorre de Maio a Julho,
mas apenas nas plantas adultas, cuja altura média varia entre os 25 e os
35 metros, sendo as flores visíveis apenas nas ramadas mais altas.
Em plena viagem ao longo da auto-estrada nº 1, junto a uma área de
repouso, vimos um eucalipto que parecia ter as flores ao nível da
estrada. Como era impossível recuar, decidimos regressar ali no dia
seguinte, estacionando na referida área de serviço a fim de investigar
das reais possibilidades de colher ali flores. De facto, logo que nos
aproximámos, percebemos que a árvore que nos chamara a atenção na
véspera tinha aproximadamente a mesma altura das restantes da sua
espécie, porém a construção da auto-estrada tinha permitido que a
copa ficasse praticamente ao alcance da mão, graças a um
declive muito pronunciado que fora criado ao encherem com brita a base
onde assentava a pavimento.
Figura 9 - Ponta de uma ramada da planta que originou a essência 'Eucalipto
Azul'.
Porém, a distância a que mesmo assim as ramadas se situavam
impossibilitava de todo uma aproximação segura. Íamos já a dar meia
volta na direcção da viatura, desalentados por ter sido uma viagem em
vão, quando os olhos se fixaram num arame de aço comprido, semelhante
aos utilizados nos travões dos velocípedes. Após termos atado como
pudemos uma pedra a uma das pontas daquele, lançámo-lo na direcção do
eucalipto e, logo à primeira tentativa, o cabo fixou-se numa ramada
comprida que puxámos cautelosamente até nós, tornando possível a recolha
de flores em número suficiente para produzir a essência floral ZD138,
com o nome 'Eucalipto Azul' (Figura 9), a partir
das flores da espécie Eucalyptus globulus Labill., da família das
Myrtaceae.
Havíamos saído de casa ainda manhã cedo, a fim de nos deslocarmos a um campo
inculto específico, situado na margem da Ribeira do Alvorão, onde
sabíamos, ou por outra 'sentíamos' ser o local indicado para a colheita
de Verbena. Jamais havíamos visto qualquer exemplar daquela
espécie por aqueles sítios, porém, uma certeza baseada na fé,
induzira-nos a irmos até ali para a colher.
Figura 10 - A 'Erva do Fígado'.
Percorremos lentamente toda a extensão onde 'tinha de estar' a planta,
em direcção a montante, esquadrinhando cuidadosamente cada pedaço
do terreno que separava o carreiro da margem, e, depois de
percebermos que o local preciso fora ultrapassado já há várias dezenas
de metros atrás, desistimos e fizemos meia volta, regressando
desalentados ao local de partida.
A busca infrutífera ocupara-nos mais de uma hora e agora os raios do sol
castigavam-nos com excesso de calor. Íamos a ruminar mágoas acerca
daquelas aparentes 'certezas' que por vezes nos chegavam com a intuição,
completamente distraídos quanto ao motivo inicial daquela deslocação,
quando repentinamente os nossos olhos embateram numa série de
pés de verbena em plena floração. Olhámos em volta aturdidos, reconhecendo ali o
local onde elas tinham realmente de ser encontradas. Espraiando o olhar em
volta, não havia a menor dúvida de que fora mesmo ali que tínhamos procurado com
maiores precauções e não víramos absolutamente nada. Agora, ali estavam elas,
como que chamando por nós para serem colhidas…
Estamos convencidos de que jamais conseguiremos explicar este
fenómeno, pois a verbena, com os seus ramos esgalgados e
praticamente despidos, pode facilmente passar despercebida a olhos menos
treinados, porém não parecia de todo ser esse o caso, uma vez que já a
conhecíamos e sabíamos com exactidão qual o seu aspecto.
Este episódio permitiu a produção da essência floral ZD162, a que
atribuímos o nome de 'Erva do Fígado' (Figura 10),
um dos numerosos nomes pelo qual a espécie
Verbena officinalis L., da
família das Verbenaceae, é vulgarmente conhecida, tais como Verbena,
Urgevão, Ulgebrão, Gervão, Gerivão, Algebrado, Verbena-sagrada,
Erva-sagrada, etc..
Havíamos seleccionado uma ipomeia em particular, por se situar numas
ruínas fora de qualquer povoação, junto a uma ponte e protegida dos
raios solares directos pela copa frondosa de várias árvores. Fora
particularmente difícil encontrá-la e o número de flores que apresentava
era relativamente reduzido. Assim, íamos regularmente visitá-la,
procurando determinar a melhor altura para proceder à colheita, o que
ocorreu no final duma manhã soalheira de Junho.
Sem problemas de maior, obtivemos a essência floral pelo método da
fervura lenta[12],
enfrascámo-la e, quando íamos já a armazenar o frasco contendo aquele
líquido de uma cor deslumbrante situada algures entre o azul e o
violeta, quando ele nos escorregou das mãos, caindo ao chão, onde se
quebrou, vertendo a totalidade do precioso fluido.
No dia seguinte, pela manhã, deslocámo-nos ao mesmo local com o
objectivo de calcular quando iria ser possível proceder a nova colheita,
mas aguardava-nos uma surpresa: havia inúmeras flores aptas a colher de
imediato, em número mais que suficiente para a produção do floral ZD208,
a 'Gitirana Roxa' (Figura 11),
Ipomoea
purpurea,
da família das Convolvulaceae, vulgarmente conhecida como Ipomeia ou
Ipomea.
Figura 11 - As belas flores azul-arroxeado da 'Ipomeia'.
Figura 12 - As flores invulgares que originaram o 'Cipó do Reino'.
Mas as surpresas ainda não se tinham ficado por ali. Estava-nos reservada
uma ainda bem maior, pois ao concluir a colheita, o nosso olhar foi
atraído por umas florzinhas brancas com um formato muito singular.
Tratava-se de uma trepadeira que ligava vários chorões existentes num
plano mais baixo que a ponte onde nos encontrávamos e cujos ramos mais
próximos conseguimos alcançar com uma cana comprida cuidadosamente
manipulada. Procedemos à colheita de todas as flores suficientemente
adultas que conseguimos alcançar, tendo a partir delas produzido a
essência floral ZD209 (Figura 12),
a que atribuímos o nome 'Cipó do Reino', cuja identificação
precisa até agora não nos foi possível obter (a busca taxonómica
efectuada conduziu-nos até à Clematis flammula L., que é, de
entre as que encontrámos, aquela que mais se lhe assemelha), mas que
independentemente disso tem sido utilizada desde então para os fins que
a intuição nos mostrou ser válida, o que viria depois a ser comprovado
por todos os amigos terapeutas que connosco colaboram no teste destes
florais.
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[12] Este método será explicado mais adiante.
Constitui um fenómeno estranho quando a floração de uma espécie se dá em
determinada época do ano e ocorre que um único ou apenas alguns dos seus
exemplares o fazem noutra altura. Mais extraordinário ainda é
quando isso ocorre após termos tomado consciência de que necessitamos de
determinado floral para um fim especial e no mesmo dia ocorre
depararmo-nos com as flores de que necessitamos, sem que tenhamos para
tal de nos esforçar minimamente.
Tal situação deu-se em meados de Novembro, com a piteira, que
habitualmente floresce entre Junho e Agosto. Íamos em viagem quando, ao
termos deixado para trás a povoação de Vila Nova da Barquinha, se
destacaram no verde da folhagem dois ou três pontos cor de laranja vivo.
Tratava-se de piteiras e nessa mesma manhã havíamos chegado à
conclusão de que só no ano seguinte iríamos ter ocasião de colher aquela
flor pois, por mais falta que nesse momento nos pudesse fazer, teríamos
de ser pacientes e aguardar uns nove meses até voltarem a florir.
Figura 13 - As flores, visivelmente desidratadas, da 'Figueira da Índia'.
A flor da piteira é assaz efémera e requer cuidados especiais, sobretudo
após ter sido separada da planta, daí que os espécimens colhidos, se bem
que saudáveis, foram fotografados apenas cerca de meia hora depois,
apresentando já um avançado estado de desidratação. Nada a dizer porém
relativamente à qualidade do floral obtido, o 'Figueira da Índia'
(Figura 13), ZD285, ou seja,
Opuntia ficus indica,
da família das Cactaceae, mais conhecida como Piteira, ou
Figueira-da-Índia.
Encontrando-nos em retiro espiritual no Monte Mariposa, local
bastante aprazível, situado no Algarve, próximo de Tavira, ocorreu num
dos dias termo-nos levantado com os primeiros raios de sol, a fim de
aproveitarmos o tempo para procurar e eventualmente colher alguns
espécimens de flores inexistentes na região onde residimos. O tempo
decorria de descoberta em descoberta e sentíamo-nos particularmente
felizes, uma vez que naquele início de Novembro, bem ao contrário do que
contávamos, era elevado o número de flores visíveis.
Figura 13 - As flores bastante discretas da 'Figueira do Egipto'.
Após nos termos embrenhado por terrenos incultos, procedendo a observação e
colecta, regressávamos já às nossas instalações quando o ruído
característico dum pica-pau chamou a nossa atenção. Ele parecia
estar num poste que se encontrava por detrás de uma alfarrobeira. Ao
aproximarmo-nos, no solo coberto de ervas viçosas e húmidas, eram
visíveis ainda algumas vagens que haviam tombado já após a colheita e o
único caminho possível implicava passar sob os ramos baixos daquela
alfarrobeira. Ao tentarmos fixar melhor a vista no poste, deparámo-nos
com um panorama deslumbrante e caprichoso, que consistia no facto de
aquela árvore especificamente estar em plena floração, facto
tanto mais curioso quanto é sabido que o referido período decorre em
condições normais de Fevereiro a Abril.
Apressámo-nos a agrupar algumas daquelas flores num envelope e
juntámo-lo às restantes até ali colhidas. Concluída a tarefa, ainda
pudemos aproximar-nos o suficiente do poste onde o pica-pau estivera
todo o tempo, voando só então para mais longe, para o meio dum bosque
próximo. Conseguíramos, desta forma inédita, obter a matéria-prima que
deu origem à essência 'Figueira do Egipto' (Figura 13),
ZD297,
Ceratonia siliqua
L., da família das Leguminosae, com os nomes vulgares de Alfarrobeira,
Fruto-de-pitágoras e Figueira-do-Egipto.
Embora a nossa anterior residência se situasse na proximidade do concelho da
Chamusca, onde sabemos existirem grandes bosques de castanheiro manso,
apenas tivemos acesso à sua flor em condições apropriadas para a
colheita numa ocasião muito especial em que nos deslocámos em caravana
para uma pequena e característica localidade da Beira Interior, a Aldeia
de Ana de Aviz, no concelho de Figueiró dos Vinhos.
Figura 14 - As flores e as folhas do 'Castanheiro Manso'.
Estávamos ali com o propósito de participar numa marcha pedestre de
resistência e ao depararmo-nos com as ramadas que pendiam da copa da
árvore sob a qual o condutor estacionara a viatura em que nos
deslocávamos, decidimos de imediato que iríamos procurar outra árvore
menos exposta que aquela, onde trataríamos de colher as flores.
Ocorre que aquela era de facto a única nas imediações e ao longo dos
muitos quilómetros que calcorreámos do decurso de toda a manhã, jamais
encontrámos qualquer outra da mesma espécie. No final do dia, minutos
antes de iniciarmos o regresso a casa, como nenhuma outra solução se nos
apresentasse, tivemos de nos prover do máximo de ousadia de que fomos
capazes e, à vista de todos quantos estavam próximos, pegámos na
inseparável tesoura de podar e num saco de papel e procedemos à
colheita.
Depois colocámos o envelope num saco térmico e, uma vez em casa,
fotografámos alguns espécimens e procedemos à preparação do floral
ZD385, o 'Castanheiro Manso' (Figura 14), ou seja,
Castanea
sativa
Miller[13],
da família das Fagaceae, mais conhecida como Castanheiro-manso, ou
Castanheiro-comum.
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[13] Miller é a abreviatura que usamos para referir o botânico britânico Philip Miller, que viveu de 1691 a 1771.
Uma outra das aquisições de essências florais, datando do início de 2003, ocorreu
através duma feliz coincidência. Estando nós a participar num evento de
fim de semana dedicado à ascensão, num local paradisíaco, onde se
respirava uma atmosfera profundamente pacífica e sagrada,
fomos convidados pelo anfitrião a que o acompanhássemos a fim de
passearmos pela encosta que se desenhava a partir da traseira da
habitação.
Figura 15 - A flor do 'Lírio Roxo'.
Ao deslocarmo-nos até ao topo do monte, deparámo-nos com um pequeno
planalto onde se viam vários tufos de flores roxas, se bem que
ocasionalmente também se visse uma ou outra muito alva, oferecendo
desconcertante vivacidade ao conjunto.
Voltando-se para nós, o indivíduo convidou-nos a desfrutar da paisagem
que se avistava para lá do vale onde a casa se situava e, com um piscar
de olho cúmplice, recomendou-nos que colhêssemos umas quantas
daquelas flores para fazer aquilo que nós bem sabíamos. Ficámos mudos de
espanto, pois não era suposto que alguém de todo aquele grupo tivesse o
menor indício dessa nossa ocupação. Após nos munirmos dos utensílios
necessários, agimos em conformidade e obtivemos dessa forma o floral
ZD399, o 'Lírio Roxo' (Figura 15),
ou seja
Iris planifolia
(Miller) Dur. & Sch., da família das Iridaceae.
(em construção ou modificação)
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Por favor, siga as instruções disponíveis nas linhas finais do separador 'Introdução'.
(em construção ou modificação)
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