A palavra bullying ainda é pouco conhecida do grande público. De
origem inglesa e ainda sem tradução em português, no uso
coloquial entre aqueles que comunicam em inglês, bullying é
frequentemente usado para qualificar comportamentos agressivos,
ao descrever uma forma de assédio expresso por alguma pessoa que
está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre
alguém ou sobre um grupo mais fraco e pode definir-se em três
termos essenciais:
• o comportamento é agressivo e negativo;
• o comportamento é executado repetidamente;
• o comportamento ocorre num relacionamento onde há um
desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
Os actos de violência (física ou não) ocorrem de forma
intencional e repetitiva contra uma ou mais pessoas, geralmente
jovens de qualquer dos sexos, que se encontram impossibilitados
de fazer frente às agressões sofridas, sendo que tais
comportamentos não apresentam motivações específicas ou
justificáveis, o que, em última instância, significa dizer que,
de forma “natural” os mais fortes utilizam os mais fracos como
meros objectos de diversão, prazer e poder com o intuito de
maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar as suas vítimas.
As principais formas de bullying são verbal, físico e material,
psicológico e moral, sexual, virtual (ciberbullying),
dividindo-se o bullying em duas categorias: bullying directo e
bullying indirecto (também conhecido como agressão social).
O bullying directo
O
bullying directo é a forma mais comum entre os agressores (bullies)
masculinos.
A agressão social ou
bullying indirecto
A
agressão social ou bullying indirecto é a forma mais comum em
bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada
por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é
obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:
• espalhar comentários e boatos;
• recusa em se socializar com a vítima;
• intimidar outras pessoas que se desejam socializar com a
vítima;
• criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente
significativos (incluindo a etnia da vítima, religião,
incapacidades etc.).
As consequências do bullying são as mais variadas possíveis e
dependem muito de cada indivíduo, da sua estrutura, vivências,
pré-disposição genética, bem como da forma e intensidade das
agressões. No entanto, todas as vítimas, sem excepção, sofrem
(em maior ou menor proporção) com os ataques de bullying. Muitas
delas transportarão para vida adulta marcas profundas
provenientes das agressões, e necessitarão de apoio psiquiátrico
e/ou psicológico para a superação do problema.
Os problemas mais comummente observados são:
• desinteresse pela escola;
• problemas psicossomáticos;
• problemas psíquicos/comportamentais como transtorno do pânico,
depressão, anorexia e bulimia, fobia escolar, fobia social,
ansiedade generalizada, entre outros.
O bullying também pode agravar problemas pré-existentes, devido
ao tempo prolongado de stress que a vítima é submetida. Em casos
mais graves, podemos observar quadros de esquizofrenia,
homicídio e suicídio.
Verifica-se sobretudo nas escolas, nos locais de trabalho, nas
áreas de residência, etc., com especial realce para a internet.
Escola
O
bullying escolar ocorre desde que existem instituições de
ensino. Porém, a partir das décadas de 70-80, passou a ser
objecto de estudos científicos nos países escandinavos, em
função da violência existente entre estudantes e suas
consequências no âmbito escolar. No final de 1982, o norte da
Noruega foi palco de um acontecimento dramático, no qual três
crianças com idades compreendidas entre 10 e 14 anos se
suicidaram por terem sofrido maus-tratos pelos seus colegas de
escola. Nessa época, o pesquisador norueguês Dan Olweus iniciou
grandes pesquisas que envolveram alunos de vários níveis
escolares, pais e professores, e culminaram em campanhas antibulying em várias partes do mundo.
Nas escolas, o bullying geralmente ocorre em áreas com
supervisão adulta mínima ou inexistente. Ele pode acontecer em
praticamente qualquer parte, dentro ou fora do prédio da escola.
Em anos recentes, muitas vítimas têm movido acções judiciais
directamente contra os agressores por "imposição intencional de
sofrimento emocional", incluindo as suas escolas como acusadas,
sob o princípio da responsabilidade conjunta. As vítimas
norte-americanas e as suas famílias têm outros recursos legais,
tais como processar uma escola ou um professor por falta de
supervisão adequada, violação dos direitos civis, discriminação
racial ou de género, ou assédio moral.
O bullying nas escolas (ou noutras instituições superiores de
ensino) pode também assumir, por exemplo, a forma de avaliações
abaixo da média.
Local de trabalho
O
bullying nos locais de trabalho (algumas vezes chamado "Bullying
Adulto") é descrito pelo Congresso Sindical do Reino Unido como
"um problema sério que muito frequentemente as pessoas pensam
que seja apenas um problema ocasional entre indivíduos, mas o
bullying é mais do que um ataque ocasional de raiva ou briga: é
uma intimidação regular e persistente que solapa a integridade e
a confiança da vítima do bully e é frequentemente aceite ou
mesmo encorajada como parte da cultura da organização".
Vizinhança
Entre vizinhos, o bullying normalmente toma a forma de
intimidação por comportamento inconveniente, tais como barulho
excessivo para perturbar o sono e os padrões de vida normais ou
fazer queixa às autoridades (tais como a polícia) por incidentes
menores ou forjados. O propósito desta forma de comportamento é
fazer com que a vítima fique tão desconfortável que acabe por se
mudar da propriedade. Porém, nem todo o comportamento
inconveniente pode ser caracterizado como bullying, uma vez que
a falta de sensibilidade pode ser uma explicação para os abusos.
Política
O
bullying entre países ocorre quando um país decide impor sua
vontade a outro. Isto é feito normalmente com o uso de força
militar, a ameaça de que a ajuda e doações não serão entregues a
um país menor ou não permitir que o país menor se associe a uma
organização de comércio.
Militar
Em
2000 o Ministério da Defesa (MOD) do Reino Unido definiu o
bullying como "o uso de força física ou abuso de autoridade para
intimidar ou vitimizar outros, ou para infligir castigos
ilícitos".
Todavia, é afirmado que o bullying militar ainda está protegido
contra investigações abertas. O caso das Deepcut Barracks, no
Reino Unido, é um exemplo do governo se recusar a conduzir um
inquérito público completo quanto a uma possível prática de
bullying militar. Alguns argumentam que tal comportamento
deveria ser permitido por causa de um consenso académico
generalizado de que os soldados são diferentes dos outros
postos.
Dos soldados espera-se que estejam preparados para arriscarem as
vidas, e alguns acreditam que o seu treino deveria desenvolver o
espírito de grupo para aceitar isso. Em alguns países, rituais
humilhantes entre os recrutas têm sido tolerados e mesmo
exaltados como um "rito de passagem" que constrói o carácter e a
resistência; enquanto noutros, o bullying sistemático dos postos
inferiores, jovens ou recrutas mais fracos pode na verdade ser
encorajado pela política militar, seja tacitamente ou
abertamente.
As forças armadas russas geralmente também fazem com que os
candidatos mais velhos ou mais experientes abusem – com socos e
pontapés – dos soldados mais fracos e menos experientes.
Alcunhas ou apelidos (dar nomes)
Normalmente, uma alcunha (apelido) é dada a alguém por um amigo,
devido a uma característica única daquele. Em alguns casos, a
concessão é feita por uma característica que a vítima não quer
que seja chamada, tal como uma verruga ou forma obscura em
alguma parte do corpo. Em casos extremos, os professores podem
ajudar a popularizá-la, mas isso é geralmente percebido como
inofensivo ou o golpe é subtil demais para ser reconhecido. Há
uma discussão sobre se é pior que a vítima conheça ou não o nome
pelo qual é chamada. Todavia, uma alcunha pode por vezes
tornar-se tão embaraçosa que a vítima terá de se mudar (de
escola, de residência ou de ambos).
Cibernet
Uma das formas mais agressivas de bullying, que ganha cada vez
mais espaços sem fronteiras é o ciberbullying, ou bullying
virtual. Os ataques ocorrem através de ferramentas tecnológicas
tais como telemóveis, câmaras de vídeo, máquinas fotográficas,
internet e seus recursos (e-mails, sites de relacionamentos,
vídeos). Além da propagação das difamações ser praticamente
instantânea, o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é
imensurável. O ciberbullying extrapola, em muito, os muros das
escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes
dessa modalidade de perversidade também se valem do anonimato e,
sem qualquer constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil
possível. Os traumas e consequências advindos do bullying
virtual são verdadeiramente dramáticos.
Os bullies (agressores) escolhem os alunos que estão em franca
desigualdade de poder, seja por uma questão socioeconómica, de
idade, de porte físico ou até porque numericamente estão em
posições desfavoráveis. Além disso, as vítimas, duma forma
geral, já apresentam algo que destoa do grupo (são tímidas,
introspectivas, “marrões” (nerds)[1],
muito magras, de credo, raça ou orientação sexual diferentes,
etc.); facto que, por si só, já as torna pessoas com baixa
auto-estima e, portanto, mais vulneráveis aos ofensores. Não há
justificativas plausíveis para a escolha, mas certamente os
alvos são aqueles que não conseguem fazer frente às agressões
sofridas, o que faz dele um acto absolutamente cobarde.
Nos casos de bullying é fundamental que os pais e os
profissionais da escola atendam especialmente aos seguintes
sinais:
• Na Escola: No recreio encontram-se isoladas do grupo, ou perto
de alguns adultos que possam protegê-las; na sala de aula
apresentam postura retraída, faltam frequentemente às aulas,
mostram-se comummente tristes, deprimidas ou aflitas; nos jogos
ou actividades em grupo, ou são excluídas, ou são sempre as
últimas a serem escolhidas; aos poucos vão-se desinteressando
das actividades e tarefas escolares e, em casos mais dramáticos,
apresentam hematomas, arranhões, cortes, roupas danificadas ou
rasgadas.
• Em Casa: Frequentemente queixam-se de dores de cabeça, enjoo,
dores de estômago, tonturas, vómitos, perda de apetite, insónia.
Todos esses sintomas tendem a ser mais intensos no período que
antecede o horário de as vítimas entrarem na escola. Mudanças
frequentes e intensas de estado de humor, com explosões
repentinas de irritação ou raiva. Geralmente não têm amigos ou
têm poucos; existe uma escassez de telefonemas, emails, sms,
convites para festas, passeios ou viagens com o grupo escolar.
Passam a gastar mais dinheiro que o habitual, na cantina ou com
a compra de objectos diversos, com o intuito de presentear os
outros. Apresentam diversas desculpas (inclusive doenças
físicas) com o intuito de faltar às aulas.
As vítimas contam o
que lhes está a acontecer?
As
vítimas de bullying tornam-se reféns do jogo do poder instituído
pelos agressores. Raramente pedem ajuda às autoridades escolares
ou aos pais. Agem assim, dominadas pela falsa crença de que tal
postura é capaz de evitar possíveis retaliações dos agressores e
por acreditarem que, ao sofrerem sozinhos e calados, pouparão os
seus pais da decepção de ter um filho frágil, cobarde e não
popular na escola.
O que podemos observar no comportamento de um praticante de
bullying é que:
• Na Escola: Na escola os bullies (agressores) fazem
brincadeiras de mau gosto, ridicularizam, colocam apelidos
pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns
alunos. Perturbam e intimidam por meio de violência física ou
psicológica. Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences a
outros estudantes. Costumam ser populares na escola e estão
sempre enquadrados em grupos. Divertem-se à custa do sofrimento
alheio.
• Em Casa: No ambiente doméstico, mantém atitudes desafiadoras e
agressivas em relação aos familiares. São arrogantes no agir,
falar e vestir, demonstrando superioridade. Manipulam pessoas
para se safarem das confusões em que se envolveram. Costumam
voltar da escola com objectos ou dinheiro que não possuíam.
Muitos agressores mentem, de forma convincente, e negam as
reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos.
As crianças que praticam bullying não têm, necessariamente,
traços de psicopatia, porém, encontramos uma minoria que
apresenta traços psicopáticos. Os bullies, ou seja, os agentes
agressores dentro do fenómeno bullying podem ser classificados
em diversos grupos:
• Muitos comportam-se assim por uma nítida falta de limites nos
seus processos educacionais no contexto familiar.
• Outros carecem de um modelo de educação que seja capaz de
associar a auto-realização pessoal com atitudes socialmente
produtivas e solidárias. Tais agressores procuram nas acções
egoístas e maldosas um meio de adquirir poder e status, e
reproduzem na sociedade os paradigmas domésticos.
• Existem ainda aqueles que vivenciam dificuldades momentâneas,
como a separação dos pais, ausência de recursos financeiros,
doenças crónicas ou terminais na família. A violência praticada
por esses jovens é um facto novo no seu modo de agir e,
portanto, passageiro.
• E, por fim, deparamo-nos com a minoria dos opressores, porém a
mais perversa. Trata-se de crianças ou adolescentes que
apresentam a transgressão como base estrutural das suas
personalidades. Falta-lhes o sentimento essencial para o
exercício do altruísmo: a empatia. Esses jovens sim, apresentam
traços marcantes de psicopatia, o denominado transtorno da
conduta, com desejos mórbidos em ver sofrer os outros.
Para que os filhos possam ser mais empáticos e agir com respeito
ao próximo é necessário primeiro rever o que ocorre dentro de
casa. Os pais, muitas vezes, não questionam as suas próprias
condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de
educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O
ensinamento da ética, da solidariedade e do altruísmo deveria
iniciar-se ainda no berço e estender-se para o âmbito escolar,
onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do seu
tempo.
Mas, será isto o que de facto ocorre? Não, uma vez que o
individualismo exacerbado (uma cultura dos tempos modernos onde
o ter é muito mais valorizado que o ser), com distorções
absurdas dos valores éticos, propiciou a prática do bullying.
Vivemos tempos velozes, com grandes mudanças em todas as esferas
sociais e, nesse contexto, a educação tanto no lar quanto na
escola tornou-se rapidamente ultrapassada, confusa, sem
parâmetros ou limites. Os pais passaram a ser permissivos em
excesso e os filhos cada vez mais exigentes, egocêntricos. As
crianças tendem a comportar-se em sociedade de acordo com os
modelos domésticos. Muitos deles não se preocupam com as regras
sociais, não reflectem sobre a necessidade delas no convívio
colectivo e nem sequer se preocupam com as consequências dos
seus actos transgressores.
Cabe à sociedade como um todo transmitir às novas gerações
valores educacionais mais éticos e responsáveis. Afinal, são
estes jovens que estão a delinear o que a sociedade será daqui
em diante. Auxiliá-los e conduzi-los na construção de uma
sociedade mais justa e menos violenta, é obrigação de todos nós.
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[1] Nerd é um termo que descreve, de forma estereotipada, muitas vezes com conotação depreciativa, uma pessoa que exerce intensa actividade intelectual, que são consideradas inadequadas para a sua idade, em detrimento de outras actividades mais populares. Por essa razão, um nerd muitas vezes não participa nas actividades físicas e é considerado pelas outras pessoas um solitário. Pode descrever uma pessoa que tenha dificuldades de integração social e seja atrapalhada, mas que nutre grande fascínio por conhecimento ou tecnologia.
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