Nada nem ninguém consegue mudar o outro

Nada nem ninguém consegue mudar o outro

Esta reflexão, ou antes dizendo, esta colagem de reflexões, faz para mim todo o sentido enquanto terapeuta. Para alguns dos leitores não o fará decerto, mas resolvi publicá-la uma vez que a grande tendência que encontro em quem procura a minha ajuda passa por procurar de alguma forma modificar outros em seu redor.

Este tema faz particular sentido para mim, hoje, porque me sinto de parabéns, pois faz 23 anos que fumei o último cigarro, libertando-me assim dum vício de 30 anos. Por mais conselhos e admoestações que tenha ouvido ao longo desses 30 anos, apenas quando tomei a decisão de o fazer o consegui efectivar. Ou seja, ninguém conseguiu fazê-lo por mim, ou levar-me a fazê-lo, até que eu próprio o quis fazer. Então, comecemos:
Nada nem ninguém consegue mudar o outro.
Ninguém pode salvar ninguém, nem sequer a parte que tem dentro do outro. Apenas a si próprio!
Podes oferecer a tua companhia a alguém, se para ele tiver alguma utilidade, mas não consegues fazê-lo pensar de outra forma, nem sentir com o seu coração.
Não há mudança em ninguém enquanto o ácido das suas lágrimas interiores não conseguir desfazer a armadura oxidada que lhe serve de couraça.
Vivemos equivocados se nos convencemos de que temos o poder ou a capacidade de mudar alguém que não a nós próprios.
Ninguém aprende com cabeça alheia.
Não temos forma de viver pelo outro a sua dor, a sua desdita, de passar pelas suas crises.

Podes oferecer aos outros a tua presença, a tua estabilidade, a tua paz, até mesmo partilhar o teu caminho com eles, oferecer-lhes a tua perspectiva. Mas não podes tirar-lhes a sua dor.
Não podes livrar ninguém de si próprio, afastá-lo do seu próprio caminho.
Cada um tem que encontrar as suas próprias respostas, colocar-se perguntas, tornar-se amigo das suas incertezas.
Cada um de nós tem os seus próprios erros para cometer, as suas tristezas para sentir, as suas lições para aprender…
Tu não consegues afugentar os medos de ninguém, a sua ira, a sua impotência. Não consegues salvá-los nem simplificar-lhes as coisas…
Não podes percorrer o caminho de ninguém, nem oferecer-lhe as respostas correctas, nem sequer as que não consigam digerir neste momento.
O teu caminho pode não ser o dos outros…

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