Abordemos agora os efeitos colaterais que estão correlacionados com o
perfeccionismo. Assim que Paul e Gord desenvolveram a sua escala de
perfeccionismo e procederam a testes com ela entre universos nos quais o
perfeccionismo parecia estar potencialmente presente, começaram a ver que ele
contribui para todos os tipos de sofrimento, desde depressão, ansiedade,
bulimia, até autoflagelo e suicídio.
Assim, ao longo de centenas de estudos, o perfeccionismo orientado para si
correlaciona-se com prazeres como auto-estima e felicidade, mas também com
coisas muito más, como depressão, ansiedade, desesperança, problemas de imagem
corporal e anorexia. Existem até evidências preocupantes de que o perfeccionismo
orientado para si contribui com pensamentos suicidas, embora numa escala muito
pequena, sendo mais marcantes a ansiedade e o aumento da depressão ao longo do
tempo.
Longe de ser uma compulsão interna ou algo que conduza apenas a tendências
obsessivas, o perfeccionismo parece um factor de risco para sofrimento emocional
e psíquico de modo mais geral, ou, por outras palavras, existe uma
vulnerabilidade agressiva e grave integrada no perfeccionismo, independentemente
de qual a faceta sob a qual este se apresente, e essa vulnerabilidade é real e
viva e torna-se a lente através da qual os perfeccionistas vêem o que está a
acontecer com eles de formas que os tornam extremamente susceptíveis a uma
infinidade de problemas de saúde mental.
O perfeccionismo orientado para os outros é um caso curioso, visto que se
descobriram relações deste com níveis mais altos de índole vingativa, um desejo
grandioso de ser admirado e hostilidade em relação aos outros, bem como níveis
mais baixos de altruísmo, cumprimento de normas sociais e confiança, e em
relações amorosas, também estreitamente relacionado com problemas significativos
na intimidade, maiores conflitos com o parceiro e menor satisfação sexual.
Pessoas com níveis altos de perfeccionismo socialmente prescrito costumam
relatar um elevado grau de solidão, medo do futuro, necessidade de aprovação,
relacionamentos de baixa qualidade, ruminação e melancolia, receios de revelar
imperfeições aos outros, autoflagelo, pior saúde física, baixa satisfação com a
vida e auto-estima cronicamente baixa, além de também serem muito vulneráveis a
sofrimento psíquico grave, desesperança, anorexia, depressão e transtornos de
ansiedade, e também se correlaciona com pensamentos suicidas, mas em grau muito
maior comparativamente com o perfeccionismo orientado para si.
Existe um efeito cumulativo do perfeccionismo prescrito socialmente quando ele é
associado com o perfeccionismo orientado para si e constituem uma combinação
perigosa que pode ampliar problemas em muitas ordens de magnitude na depressão,
ansiedade, baixa auto-estima, ruminação ou problemas de imagem corporal.
Talvez esta não seja uma revelação chocante, pois, afinal, o perfeccionismo não
seria o nosso defeito favorito se não houvesse algum veneno por trás dele, mas é
lícito perguntar se será que entendemos toda a extensão de dor que o
perfeccionismo é capaz de causar? E, exactamente porquê o perfeccionismo causa
essa dor? Vimos que ele se correlaciona com uma série de problemas de saúde
mental, mas ainda não fizemos um mergulho profundo no motivo. Para o fazermos,
vamos precisar derrubar alguns mitos, a começar por uma das máximas mais dúbias
da cultura moderna, precisamente as palavras de Friedrich Nietzsche “o que não
mata, fortalece” com que iniciámos esta análise, que nos últimos anos, se
congelaram num chavão, e consegues encontrá-las escritas nas paredes de
corredores escolares, vestiários de ginásios, bibliotecas de universidades,
gravadas em canecas, tshirts e autocolantes de pára-choques.
Se ao menos nós, perfeccionistas, pudéssemos aceitar que boa parte do que
acontece nesse mundo está muito além do nosso controlo… Seríamos muito mais
saudáveis se conseguíssemos ver a trajectória da nossa vida com uma equanimidade
calma, porém, em vez disso, nós sentimo-nos culpados por todas as coisas más que
nos aconteceram, levando cada contratempo para o lado pessoal como mais uma
evidência de que somos irremediavelmente falhados.
Consequentemente, sob o enorme peso do perfeccionismo, tornamo-nos ainda mais
exaustos e esgotados, a vida transforma-se numa batalha quase heróica para
manter as aparências perfeitas, que, neste momento, são frágeis como porcelana,
feitas de nada que seja mais forte ou permanente do que um sorriso frustrado,
uma exuberância falsa e acessos de medo acumulado, stress, contratempos e
fracassos visitam-nos vezes e mais vezes, o julgamento não pára de se acumular,
e voltamo-nos contra nós mesmos por não conseguirmos sair desse ciclo, até que
um dia a tensão se torna demasiada para suportar, e algo estoira, a barragem
rasga-se, a ansiedade escapa-se por onde pode e de formas inéditas.
Os perfeccionistas são incorrigivelmente empenhados e não se conseguem conter,
pois alteram e repetem, reformulam e retrabalham as coisas além do necessário. E
é dessa forma que o perfeccionismo atrapalha o desempenho, não apenas por causa
do excesso ofegante de dedicação, mas também por causa da chamada auto-regulação
(a auto-regulação é um pouco como uma energia mental que é esgotada quando
comportamentos revigorantes, como exercício, tempo de qualidade com amigos ou
dormir o suficiente para se sentir suficientemente restaurados são sacrificados
por esforços ainda maiores).
O resultado invariável são o burnout, a síndrome esgotante de exaustão, cinismo
e níveis cronicamente baixos de realizações percebidas. O burnout é o motivo
pelo qual os perfeccionistas, apesar de todo o seu empenho constante, não são
mais bem-sucedidos do que pessoas que não são especialmente perfeccionistas.
Eles não dormem o suficiente para compensar noites em claro, trabalham quando
deveriam descansar, e ficam a ajustar coisas quando deveriam encontrar-se com os
amigos.
Ao olharmos para o medo do fracasso, vemos que é um obstáculo no caminho do alto
desempenho para pessoas perfeccionistas. Mas o fracasso é essencial para a vida,
pois sem ele, a nossa existência seria definida por uma longa caminhada, que
nenhum de nós acharia especialmente estimulante.
Pessoas com alto nível de perfeccionismo, como vimos, empenham-se muito em
atingir os seus padrões excessivos, mas isso, em muitos sentidos, é apenas parte
da história, pois, quando a situação fica difícil, o medo é tão grande que os
deixa relutantes em dedicar qualquer esforço que os possa expor a mais
fracassos, portanto, para tornar um pouco mais difícil que as pessoas descubram
as suas falhas, eles simplesmente param de tentar quando dão de caras com um
desafio que muito provavelmente vai acabar na derrota, daí que recusar o esforço
dessa forma é o que se chama auto-preservação perfeccionista.
Longe de ajudar, a procrastinação só aumenta a ansiedade do perfeccionista,
pois, em segundo plano, o trabalho continua a acumular-se, e a cada novo
capítulo não terminado, cada e-mail não lido, ou cada relatório não escrito, é
preciso um esforço ainda maior para pôr o trabalho acumulado em dia. Nós
distraímo-nos, ajustamos, perdemos tempo, refazemos e somos vencidos pela
passagem do tempo. A auto-sabotagem, seja na forma da recusa absoluta a
esforçarem-se ou na da simples procrastinação, é outro motivo pelo qual os
perfeccionistas sofrem para ter bons desempenhos. O seu esforço excessivo é
ineficiente e leva-os ao ponto do burnout.
Face ao exposto, podemos concordar com a sabedoria popular e aceitar que “o
óptimo é inimigo do bom”.
Se sentes que nos Florais ZED te podemos ajudar, contacta-nos sem hesitações…
NOTA: Os artigos apresentados nesta secção são da inteira e exclusiva responsabilidade do respectivo autor ou compilador e reflectem apenas o seu ponto de vista, podendo não corresponder às opiniões ou pareceres dos restantes colaboradores.
Consulte as Condições de Venda e Portes e utilize o nosso Formulário de Encomenda. Obrigado!
Nota: Os produtos, técnicas, terapias e informações deste sítio não substituem a consulta do seu médico ou especialista!
O 7ºzed é a sede física dos Florais ZED, essências florais de Portugal desde 2001
Sede e Endereço Postal: Florais ZED - Centro Comercial D. Dinis, Sala 703 - Av. Combatentes da Grande Guerra - 2400-122 LEIRIA - PORTUGAL
Telefones: 00351 244836160, 00351 938195335 e-Mails: Terapias, Formação e Produtos
[]
Reclamação
Copyright © 2006-2025 - Francisco Godinho, Leiria. Web-Designer []
Está absolutamente interdita e sujeita a processo judicial qualquer forma de cópia ou reprodução dos conteúdos das páginas deste sítio
Última modificação desta página:
05/03/25 Visitas desde 01/10/06: